Grafologia ajuda empresas na contratação

 

Cada vez mais empresas no Brasil usam a grafologia como aliada nos processos seletivos e de recrutamento de funcionários. Atualmente, entidades do setor estimam que cerca de 15 mil empresas públicas e privadas do País utilizam a técnica, analisando manuscritos para complementar a avaliação dos candidatos na hora da contratação.

Tratada como ciência a partir do século 19 e muito utilizada nos Estados Unidos e Europa, a grafologia possibilita o estudo da personalidade e identica características como relacionamento interpessoal, dinamismo, maturidade emocional, liderança, comunicação, entre outras. “As letras são como se fossem as digitais, já que não há um indivíduo no mundo que tenha a letra igual à do outro. Elas podem até ser parecidas, mas nunca idênticas”, explica a grafóloga Letícia Radaic, que também é professora de grafologia e membro da Associação Brasileira da Ciência da Escrita (Abrace). Para a especialista, o índice de acerto de uma análise grafológica é de 85% e pode tornar o processo seletivo mais preciso e diminuir o turnover (rotatividade) de funcionários.

O Grupo Sinal, com 43 concessionárias de automóveis nos Estados de São Paulo e Minas Gerais, usa a grafologia há 8 anos. Com 2,8 mil funcionários, o grupo enxerga na grafologia uma ferramenta importante na hora de contratar funcionários, independentemente do cargo. “Considero a grafologia o método mais genuíno do que qualquer outro na hora de avaliar um candidato. Na maioria das vezes, as pessoas tentam ludibriar o entrevistador, e com análise grafológica isso não é possível. Diversos sinais da personalidade estarão expostos, não há como escondê-los”, explica a gerente de RH do Grupo Sinal, Isabel Martins. “Pedimos para o candidato fazer uma redação com aproximadamente 20 linhas em folha sem pauta e com tema livre. Esse manuscrito será analisado e mostrará diversos e fundamentais aspectos da sua personalidade”, diz.

De acordo com a grafóloga Letícia, “o que deixamos em um papel quando escrevemos um texto é o resultado dos mecanismos de conexões originadas no cérebro no qual interferem nossos pensamentos e sentimentos. Nossa mente é capaz de processar muito mais coisas do que conseguimos expressar verbal- mente e estas informações estão guardadas em nosso inconsciente”.

Por esses motivos, utilizar a grafologia em processos de seleção traz diversas vantagens, incluindo a otimização do processo de contratação. “Com a técnica, é possível encontrar o candidato com as habilidades desejáveis à vaga disponível com maior precisão. Quando não temos essa ferramenta, ficamos à mercê das respostas conscientes do candidato em uma entrevista.

Os gestos conscientes se mesclam com gestos inconscientes que escapam ao poder da vontade, deixando descoberta a verdadeira personalidade do indivíduo“, explica Letícia.

Assim, a grafologia decodifica o conteúdo psicológico de pequenos gestos deixados no papel e é capaz de mostrar como a pessoa é realmente em nível inconsciente, conseguindo identificar suas capacidades mental, de organização e de tomada de decisões, por exemplo. A perícia feita em um manuscrito também revelará como o candidato controla suas emoções e medos, qual é o seu grau de maturidade, se é introvertido ou extrovertido, se tem boa memória, se é responsável, entre outros aspectos. “É uma ciência rápida e discreta, porque podemos saber como a pessoa é sem que ela saiba, o que ela pensa e se é verdadeira com o selecionador. Podemos descobrir importantes características da personalidade em uma carta, uma receita, um relatório ou até em um simples bilhetinho escrito de próprio punho“, afirma a grafóloga.

Aplicação da técnica

Segundo o presidente da Abrace, Erwin André Leibl, grafólogo, perito grafotécnico e ex-presidente da Sociedade Brasileira da Escrita (Sobrag), a grafologia no Brasil começou a crescer muito nos últimos 20 anos. “O País tem hoje cerca de 300 grafólogos e só na cidade de São Paulo são emitidos mensalmente de 500 a mil laudos”, afirma.

Além de ser muito utilizada nos processos seletivos das empresas, a grafologia tem também a sua aplicação em governos e instituições jurídicas, investigativas e periciais, e deve ser aplicada por pro ssionais devidamente habilitados e certificados. De acordo com Leibl, “não existe o que é certo ou errado dentro de uma análise grafológica, a técnica apenas identifica as características marcantes de cada indivíduo”.

Um dos diferenciais da grafologia é a capacidade de detectar com clareza se houve ou não tentativa de manipulação por parte do candidato, o que é praticamente impossível de se descobrir em outros instrumentos avaliativos.

A grafologia opera segundo princípios, métodos e leis universais. Tem sua eficácia atestada mediante contínuos estudos realizados nas grandes universidades do mundo, e seu método expressivo de execução é capaz de revelar a estrutura da personalidade humana.

Aspectos analisados

De acordo com um dos mais antigos e respeitados grafólogos do País e membro da Sobrag, Paulo Sérgio de Camargo, que também é autor de vários livros sobre o assunto, as avaliações grafológicas envolvem aproximadamente 170 componentes da escrita, entre estes: a pressão da caneta sobre o papel, o tamanho das letras, a distância entre as palavras, o enquadramento do texto, o distanciamento das margens, a inclinação das letras, a forma e a sinuosidade dos caracteres, o cuidado com a pontuação, a direção das linhas, os ângulos etc.

“São centenas de sinais que representam o gesto gráfico e que serão analisados e cruzados entre si para que o perito trace o perfil da personalidade da pessoa e seus aspectos comportamentais e psicológicos”, explica o grafólogo. Quando escrevemos, nosso cérebro é que comanda todo o processo, porém, a parte inconsciente será a responsável por ditar as palavras e a parte consciente atuará na escrita propriamente dita. “Por meio de apenas 20 linhas de uma redação de próprio punho é possível encontrar as dificuldades ocultas daquela personalidade, se o candidato é verdadeiro e como ele se comporta diante dos assuntos do cotidiano”, salienta Camargo.

Paulo

A caligrafia é a escrita da mente, a mão apenas segura a caneta e obedece ao comando do cérebro. “Quando começamos a redigir um texto, estamos sendo comandados pelo nosso consciente e, por isso, existe uma preocupação maior com a arrumação e com a apresentação do texto no papel”, diz. “À medida que nos envolvemos com o texto, o nosso consciente tende a relaxar e começamos, então, a sermos comandados pelo nosso inconsciente. Por consequência, todos os nossos estados utuantes de espírito (alegria, tristeza, nervosismo, ansiedade etc.) são inconscientemente impressos na escrita, revelando nossas características mais particulares e que vão nos diferenciar das outras pessoas”, explica o especialista.

Características detectadas

O estilo de vida de um indivíduo pode ser detectado por meio da análise de sua escrita. As pessoas mais convencionais têm sua escrita mais fiel ao modelo caligráfico. Já outras se distanciam do convencionalismo e agem de acordo com seus desejos, neste caso, a caligrafia delas sobre este impulsos e apresentará maior quantidade de traços originais, que podem se referir a pessoas com maior nível de criatividade.

Pessoas mais expansivas tendem a ter gestos mais largos e espírito mais aberto e, provavelmente, sua letra grande, ao passo que letras com tamanho menor podem revelar uma personalidade mais reservada e cautelosa. Indivíduos organizados geralmente têm a redação clara, ordenada e o texto bem enquadrado, respeitando as margens do papel.

Curvas e ângulos também são indicadores de comportamentos particulares. Indivíduos mais dóceis, gentis e sociáveis tendem a apresentar uma escrita com mais curvas, ou seja, traços mais redondos, enquanto os ângulos (pontas) vão sinalizar indivíduos com mais vontade própria, energia, coragem e firmeza.

A inclinação das letras também é avaliada durante uma análise grafológica. Letras que formam com a linha de base um ângulo mais ou menos agudo à direita (escrita inclinada) indicam um temperamento mais sensível, em que a emotividade e a afetividade podem levar vantagem sobre a razão. Num movimento oposto, a inclinação à esquerda pode revelar uma atitude mais defensiva, com tendência ao recolhimento.

Dessa forma, os traços de personalidade e caráter vão se manifestando na letra e, então, torna-se possível ao grafólogo identi car, em cada indivíduo, habilidades e competências para a realização das mais diversas atividades.

“O laudo final de uma análise grafológica sempre irá ponderar e pontuar todos esses aspectos da escrita em seu contexto geral. O grafólogo experiente sabe que não se pode tirar nenhuma conclusão prévia sem estudar todo o ambiente gráfico. Os aspectos considerados têm pesos dife- rentes, dependendo de outros sinais presentes”, explica a grafóloga e consultora de recursos humanos, Luísa Medeiros, também membro efetivo da Sobrag e da Associação Grafológi- ca Italiana (AGI).

fonte: http://www.fecomercio.com.br/noticia/grafologia-ajuda-empresas-na-contratacao